1.º SARAU DE FINALISTAS
1º SARAU DE FINALISTAS
DA ESCOLA INDUSTRIAL DE PENAFIEL
24 DE MAIO DE 1966
Os
primeiros finalistas da Escola Industrial de Penafiel, foram os do
Curso de Formação Electromecânico, e no dia 24 de Maio de 1966, levaram a
efeito no Cine-Teatro S. Martinho, o seu Sarau de Finalistas.
Apesar
de neste ano de 1966, não haver finalistas femininas, já que o seu
Curso de Formação Feminina tinha a duração de mais um ano, as alunas do
5º ano também colaboraram no sarau.
Num
momento dedicado ao teatro, em “A Anunciação” do pai do teatro
português Gil Vicente, e na recitação coral da poesia “A Senhora de
Brabante” de Gomes Leal, como se pode ler no programa.
Ao
abrir e ao fechar o livrete do programa do Sarau, deparamos com dois
poemas do Mestre José Luís, respectivamente “Cântico de Agradecimento” e
“Despedida”. Durante a sua permanência em Penafiel, encontra-se vários
poemas de sua autoria, espalhados na imprensa local, que mostram bem a
sua veia poética.
Cântico de Agradecimento
Não canteis alto, nem cedo demais
O cântico da vida e do amor,
Evitai que voe o pássaro sem penas,
Não apanheis antes do tempo a flor
Que há-de ser fruto e grão
E não deixeis que o sol creste
As espigas verdes que hão-de ser pão! ...
As asas abrir-se-ão num voo a um fim,
Será rio e mar a nascente.
As pétalas hão-de cair da flor,
As folhas deste livro serão eternamente
Farrapos de saudade que caem em poesia,
Como do céu cairá a última estrela
Antes de amanhecer um novo dia! …
Erguei-vos, então, abri os braços à volta
E cantai! Que a vossa alma entoe finalmente
O cântico triunfal da vida e do amor
E um cântico de agradecimento ardente
À Pátria, à terra, ao mar e aos céus,
À vossa Escola, aos Professores, aos Mestres,
A vossos pais, a vós próprios e a Deus.
DESPEDIDA
Chegou o fim? ... Não!?...
Tudo vai agora começar! ...
Finda uma etapa da vida,
Outra começa a rolar…
E nos dias que vêm a seguir,
As saudades do tempo de estudante
Hão-de fazer-vos chorar e sorrir
Caminhai sempre em frente,
Com amor e direcção definida.
Serenamente e sem vacilar
Esboçai primeiro vossa vida;
Depois, a passo e passo,
Aplanai a vossa própria estrada
E forjai ideais tão fortes como aço
Ide… A vida espera-vos lá longe!...
É o horizonte agora mais diferente,
Fazei do curso a vossa eterna canção
Como a Casa do Sol Nascente,
Cantai-a na inquieta e promissora viagem
E vereis que há ainda muito a aprender
Nesta minha tosca e humilde mensagem!...
Por
ordem alfabética, tal como se encontram no seu livro de finalistas do
Curso de Formação Electromecânico 1961 – 1966, aqui vão os seus nomes:
Abílio Leite dos Santos
Acúrcio do Nascimento Morgado de Sousa
Agostinho Marques Ferreira Bessa
Alexandre Monteiro de Queirós
Álvaro José Pinto Moreira Fernandes
António Prata de Melo
António da Silva Monteiro
Augusto Nunes Machado Pinto
Carlos Alberto da Cunha Barbosa de Moura
Carlos Arlindo Ruão Dias de Castro
Carlos Graciano Pacheco Dias
Carlos Manuel da Silva Meireles
Fausto Alberto Pereira Quintas
Fernando José de Oliveira
Fernando da Silva Pereira
Francisco Joaquim de Almeida Aguiar
Francisco Ferreira
Joaquim António Borges Ribas da Cunha
Joaquim Gustavo de Jesus Rocha
Joaquim dos Santos
José Alberto Ferreira Barbosa de Moura
José Carvalho
José Luís Magalhães Pinto Bessa
José Maria da Fonseca Ferreira
José Pereira de Sousa
José Ribeiro
Laurindo de Sousa Costa
Manuel Adriano da Silva Teixeira
Manuel Fernandes do Couto
Manuel Pereira Pinho
Pedro João Pinto de Babo
Saúl Luís Bessa Cramês
Os
alunos que concluíram agora o 3º ano do Curso de Formação
Electromecânica entregaram ao Senhor Director da Escola Industrial de
Penafiel a petição que a seguir vamos transcrever na íntegra, para não
lhe tirarmos o sabor e interesse demonstrados pelos jovens da nossa
terra que com mágoa se vêem coagidos a abandonar os estudos, por falta
de recursos da grande maioria, e porque a pretenderem continuá-los se
vêem obrigados a deslocações onerosas.
Eis o texto da petição:
Ex.mo Senhor
Director da Escola Industrial de Penafiel
Os
alunos abaixo assinados, que são a totalidade dos que contam concluir
agora o 3ºano do Curso de Formação Electromecânica dessa Escola, pedem a
V. Ex.ª licença para expor e solicitar o seguinte:
1º
- São os signatários os primeiros finalistas e é com pesar que começam a
sentir a ideia de abandonar o curso pelo qual V. Ex.ª, Senhor Director,
tanto conseguiu interessá-los quer pela bondade e paciência com que os
tem orientado, quer pelos cuidados que sempre teve com a sua preparação.
2º
- Seria pois muito doloroso e afinal de bem pouco proveito, tanto para
nós como para todas as actividades nacionais que pretendemos servir, que
a preparação que desejamos obter tenha de ficar por aqui, em pura perda
de tudo quanto os nossos professores e os nossos pais se esforçaram
para que aprendêssemos.
3º
- Lamentamos essa circunstância, tanto mais que estaríamos dispostos a
prosseguir e a prepararmo-nos mais e melhor para a vida industrial e
actividades correlativas, que em Portugal se encontram em franco
desenvolvimento. Mas a verdade é que todos nós estamos ligados a uma
situação económica familiar muito fraca e não podemos, infelizmente, ir
mais longe, porque isso obrigaria a deslocarmo-nos para o Porto, para
frequentar o S.P.I. durante dois anos, para depois podermos ingressar no
Instituto Industrial com mais quatro anos, o que realmente já fica ao
alcance de poucas bolsas.
4º
- Para a hipótese de podermos frequentar o S.P.I. do Porto, sem sairmos
de casa dos nossos pais, moradores nesta cidade e freguesias vizinhas,
conhece V. Ex.ª as dificuldades que nos obrigam a pô-la de parte. É
essencialmente a falta de meios de transporte entre Penafiel e Porto que
assegurem, economicamente e a horas adequadas, a ida e o regresso. A
distância a percorrer por estrada ou de comboio é de 35Km.De Penafiel à
Estação temos ainda de contar com mais uns 4 a 6 Km servidos por meios
de transporte diferentes. Finalmente, da Estação de S. Bento, no Porto,
ao S.P.I. também não é perto e torna-se necessário utilizar um
transporte urbano.
5º
- Tudo isto somado representa em dinheiro um dispêndio avultado, além
de representar também uma perda de tempo, que é diariamente superior a 2
horas, tempo que é roubado à boa preparação das nossas lições e ao
desenvolvimento da nossa preparação e cultura pessoal.
6º
- Deste modo, Senhor Director, uma única solução nos poderia aproveitar
para que não se perdessem inteiramente os ensinamentos recebidos até
aqui, que, se algum esforço nos custaram, muito representam também para a
Escola, para a sua finalidade e para o Governo que a mantém e sustenta.
Esta
solução, que bem se justificaria pela frequência que a Escola por si
garante e lhe adviria também dos concelhos vizinhos, seria a criação do
S.P.I. em Penafiel.
7º
- Todos ficariam a lucrar, menos V. Ex.ª, bem o sabemos, mas dado o que
isso representa para nós e para a difusão dos meios de educação postos
mais ao alcance daqueles que a procuram, somos levados a pedir a V.
Ex.ª, com todo o empenho, o seguinte:
Que
V. Ex.ª já que tanto se tem sacrificado pela Escola e sempre tem sido
incansável para satisfazer as suas necessidades essenciais e suprir
muitas deficiências e dificuldades, resultantes de uma organização em
começo de vida, mas principalmente do aumento imprevisto de alunos; V.
Ex.ª já que sempre tem sido nosso amigo e orientador, dê, por favor,
mais um passo, faça mais um sacrifício pela juventude que pretende
estudar e trabalhar, pedindo com interesse a quem manda que seja
imediatamente criado o S.P.I. na sua e também nossa Escola.
E
ficamos convencidos que, em face das razões geográficas que o impõem e
da subida atenção que V. Ex.ª vai tomar pelo caso, o Governo, em quem
também desejamos habituar-nos a confiar, há-de ser justo e bom para
connosco e com os nossos pais, vindo ao encontro do nossos desejo, que é
por igual o de muitos e muitos mais, não só no concelho de Penafiel
como nos seus vizinhos, o que, afinal, representa o interesse cada vez
maior pelo ensino técnico e pela sua difusão pelo País, em que tanto
nesta como em outras modalidades de ensino (que não sejam apenas as
desportivas), dirigentes e dirigidos, devem estar igualmente
interessados, acima de tudo, para o progresso e preparação do futuro da
Nação e para bem da mesma.
Assinado pelos alunos
CRIAÇÃO DO S.P.I. NA ESCOLA INDUSTRIAL DE PENAFIEL
1968 / 1969
Acaba de ser criada, por despacho ministerial, a Secção Preparatória aos Institutos – S.P.I. – na nossa Escola Técnica.
Melhoramento
de enorme interesse para Penafiel pois possibilita o prosseguimento dos
estudos aos alunos que, revelando capacidade, podem ser encaminhados
para a frequência dos Institutos sem necessidade de se deslocarem para o
Porto.
Assim
se alarga o Ensino Técnico em Penafiel o que se fica devendo ao
Director da Escola Industrial que, arriscando-se às dificuldades
inerentes à falta de instalações para nelas se realizar convenientemente
o ensino, dificuldades essas que à Excelentíssima Câmara Municipal se
tem apresentado materialmente insuperáveis, não hesitou em solicitar ao
Senhor Ministro da Educação Nacional a criação da referida Secção.
O
Senhor Doutor Aurélio Tavares não tomou esta atitude sem conhecimento
das reais dificuldades e trabalhos que a Secção Preparatória aos
Institutos implicaria à direcção da Escola, mas sim com nítido
conhecimento da sua real necessidade para o ensino.
Ele
compreende bem a situação dos pais dos alunos e sabe da falta que a
Secção Preparatória pode trazer a muitos estudantes comprometendo a sua
carreira e o seu futuro.
A
sua atitude ao pedir o alargamento do ensino para a Escola de que é
Director não pode ser tomada como simples satisfação de um dever imposto
pelo lugar que ocupa, mas como resultante de um compromisso
profissional em que a bondade do seu carácter, a dedicação ao ensino e a
devoção de servir estão presentes no mais elevado grau.
Penafiel fica, pois, em dívida ao Dr. Aurélio Tavares por mais um grau de benefício que lhe prestou.
Do Ex.mo Snr. Director da Escola Industrial de Penafiel, recebemos com o pedido de publicação a seguinte notícia:
Escola Industrial de Penafiel
Secção Preparatória para os Institutos (S.P.I.)
Tem
esta direcção o gratíssimo ensejo de anunciar publicamente que um
despacho ministerial recente autorizou o funcionamento da S.P.I. na
nossa Escola, a partir de 1 de Outubro próximo.
Não
só a cidade como a vasta região circunvizinha compreenderão por ventura
a amplitude dos novos horizontes que se abrem a muitos dos seus jovens,
e o inestimável benefício que Penafiel recebe agora do Governo, graças a
uma compreensão e ajuda inesquecíveis por parte das autoridades
superiores do Ensino Técnico. Nunca será de mais encarecer e agradecer a
prontidão amável com que obteve deferimento o pedido deste curso,
renovado há pouco pelo signatário, na consciência de que interpretava
uma aspiração geral.
Mais
se informa que a matrícula para a nova S.P.I. já pode ser efectuada no
mês próximo, dentro do prazo normal e nas condições habituais.
In “O Penafidelense” de 30 de Julho de 1968
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