EXPOSIÇÃO DE TRABALHOS
ESCOLA INDUSTRIAL DE PENAFIEL
6 DE JULHO DE 1963
EXPOSIÇÃO DE TRABALHOS EXECUTADOS PELOS ALUNOS
De
entre eles salientamos os seguintes: planta turística da cidade e
concelho; um busto de Egas Moniz; maquete do Sameiro e vários mosaicos;
trabalhos de sabor regional; diversos trabalhos manuais (masculinos e
femininos).
In “O Tempo” de 14 de Julho de 1963
A EXPOSIÇÃO DE TRABALHOS NA ESCOLA INDUSTRIAL
A Escola Industrial esteve em festa no passado dia 6, e continua até ao dia 30 do corrente.
Foi inaugurada a exposição de trabalhos dos alunos daquele estabelecimento de ensino, realizados no presente ano lectivo.
Presentes,
todo o corpo docente, representado pelo Director da Escola Dr. Aurélio
Tavares, Presidente da Câmara Municipal sr. Coronel Cipriano Alfredo
Fontes, Comandante do R.A.L.5, Director Clínico do Hospital sr. Dr.
Joaquim da Rocha Reis, Francisco Brandão Rodrigues dos Santos, Dr.
Manuel da Costa Guimarães, Dr. Fernando Cochofel Teixeira Dias, distinto
advogado nesta cidade, a Mesa da Santa Casa da Misericórdia
representada pelos sr.s Manuel A. Afonso, João Carvalho Moreira e José
Mendes Magalhães, Dr. João de Oliveira Dias, Veterinário Municipal, Dr.
Ângelo Pimentel, Director da Biblioteca Museu, Pároco de Luzim, Padre
Albano Ferreira de Almeida, Pároco de Penafiel, Delegado Escolar Prof.
José da Rocha Nunes e seu adjunto Prof. Luís Rodrigues, Prof. Joaquim
José Mendes, da Mocidade Portuguesa, representantes da imprensa, etc.
O elemento feminino, estava representado por inúmeras senhoras das mais distintas famílias desta Cidade.
O
Senhor Presidente da Câmara cortou a fita simbólica da entrada da
Exposição e todos os presentes ficaram deveras maravilhadas com os
inúmeros trabalhos que lhes foram patenteados.
No
momento oportuno, o Sr. Director da Escola Dr. Aurélio Tavares,
proferiu o discurso que não resistimos à tentação de transcrever na
íntegra:
Ex.mo Senhor Presidente da Câmara,
Ex.mas autoridades e demais convidados:
Em
plena época de exames, quando aos escolares se pedem contas do
respectivo aproveitamento, julga-se a Escola no dever de as prestar
também. Compete-lhe apresentar provas concretas do que durante um ano
lectivo se fez em suas aulas e oficinas, para que a cidade e a região
circunvizinha, que tanto desejaram e pediram o nosso estabelecimento do
ensino, e presentemente o acarinham, lhe possam avaliar a eficiência da
acção educativa. Submete-se portanto a Escola Industrial de Penafiel a
um autêntico exame, solicita primeiro das Ex.mas Autoridades aqui
presentes, e mais tarde de Toda a população, o julgamento rigoroso dos
seus métodos e actividades, através dos resultados conseguidos. Para
tanto, tratou de reunir nesta sala parte da sua obra paciente de cerca
de dez meses. Eis aqui pois, humildemente concretizado em vários
materiais, que mãos adolescentes aperfeiçoaram, muito do labor discente,
a que nunca faltou no entanto orientação docente, discreta e vigilante.
Há
uma intenção em tudo isto, qual seja a de traduzir em realizações mais
ou menos belas o impulso, inspirado e condicionado pela experiência
pedagógica, Com que à Escola cabe resolver as virtualidades juvenis dos
educandos, por forma que a natureza se revele e desenvolva em plenitude
moral e cívica, em beleza, em consciência intelectual, em destreza
técnica. Possam no futuro isentar-nos de culpa as severas contas que
vierem a ser-nos tomadas pelas famílias e pela Pátria, e ainda pelos
mesmos que das nossas mãos saírem para a vida, de quanto fizermos, ou
poderíamos ter feito, se na verdade o não fizermos cabalmente, nesta
nossa missão de transformar para o bem as almas virgens que nos são
confiadas, em depósito sagrado, a fim de lhes darmos o rumo certo, em
busca da honra e da felicidade, tanto pessoal como geral. Tremenda
responsabilidade imposta aos encarregados docente desta Casa, que
porventura a não rejeitam, antes se lhe entregam totalmente, na
confiança da assistência divina, na pureza dos seus propósitos!
Ex.mos
Senhores! Bem modesta realização se me afiguram as peças aqui
patenteadas, sobretudo se as estimarmos sob o aspecto quantitativo. Mas
não nos moveu tanto a intenção de acumular, como a de mostrar o nível
que se atingiu. Quanto a este, se a progressão obtida no domínio
qualitativo satisfaz os Programas, não responde todavia aos nossos
próprios brios nem anseios. E isto porque o ano lectivo se iniciou, e
até se foi um tanto perigosamente adiantando, sem que nos houvessem
completado o equipamento oficinal. Quanto aqui se vê, representa
realmente o esforço dos dois últimos períodos escolares, decorrentes em
ritmo inspirado num intenso desejo de recuperação, já que o primeiro
período se perdera.
Evidenciada
esta limitação a que nos forçaram circunstâncias alheias à própria
vontade e aos meios de actuação postos ao nosso alcance, resta-nos
submeter-nos ao julgamento criterioso de V. Ex.as, no desejo veemente de
nos renovarmos sempre, superando-nos cada vez mais no desempenho da
função educativa.
Antes,
porém, cabe-me a honra de dirigir aos nossos ilustres convidados deste
momento os agradecimentos da Escola e os meus próprios, pela amável
visita que nos é feita e ainda pela compreensão, pela simpatia que nos
está sendo dispensada.
Seja-me
lícito individualizar, na manifestação deste agradecimento comovido, o
Ex.mo e notável Presidente da nossa Câmara Municipal, suprema autoridade
concelhia, pelo calor da sua dedicação a esta Escola, que tanto e tanto
deve já a S. Ex.ª, pelo inestimável auxílio que lhe tem prestado e
sobretudo por quanto sei da sua forte vontade de continuar a ajudar-nos.
À
Santa Casa da Misericórdia, mormente ao seu insigne Provedor, são
devidos também os agradecimentos mais calorosos, não só pelo que a mesma
Santa Casa cedeu à Escola mas ainda pelo muito que da acção de S. Ex.ª
se espera no futuro.
Embora
qualquer referência aos obreiros infatigáveis deste pequenino museu
fosse susceptível de assumir, ante olhos forasteiros, certa aparência de
auto-elogio, uma vez que os trabalhadores desta “forja de almas” formam
um só corpo, de que por ventura minha sou parte integrante, direi
contudo na presença tão distinta da V. Ex.as que todos, todos –
discentes e docentes – cumpriram mais que honrada, abnegadamente o seu
dever. E isto deve bastar, para consolação moral do grupo. Destacar, por
exemplo, dada a sua excepcional competência e magnífica dedicação, o
incansável Mestre Cravo e Silva ou a senhora Mestra D. Maria Helena
Dinis, ou o senhor Prof. Escultor Negrão seria como que ferir uma
compreensível modéstia, - e o desejo de acção silenciosa deve ser
respeitado.
Ex.mos Senhores:
Consinta
a generosidade do espírito que até este ermo guiou os passos de V.
Ex.as, que a vista, projectando-se para além da imperfeição dos
trabalhos expostos, apenas revele às consciências a imagem da candura
das almas que os conceberam, da ingenuidade das mãos que os realizaram!
Que
todos os Penafidelenses, pais e educadores, não deixem passar esta
oportunidade, de verem e acreditarem, no valor da Escola Industrial de
Penafiel e verificarem com os seus próprios olhos que naquela Escola se
trabalha para a formação consciente das massas juvenis que serão os
futuros homens de amanhã.
Gratos pelo convite que nos foi endereçado.
In “ Notícias de Penafiel” de 12 de Julho de 1963.
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